segunda-feira, 20 de julho de 2009

Da Passagem a Juazeiro, a cidade atraiu migrantes

Nascida de uma árvore frondosa e frutífera, Juazeiro consegue surpreender pelas histórias que revelam todo um passado de trabalho e amor a essa terra. Alguns lugares da cidade são a marca de um tempo de glória, honra e de esperança, pois muitos moradores migram para a cidade e prosperam.Atualmente, Juazeiro já tem uma população com mais de 230 milhões de habitantes, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Dentro deste universo, a Agência MultiCiência vai contar a história de dois personagens que tem uma trajetória que demonstra as transformações sociais que a urbes sofreu no decorrer dos anos. Eles são pessoas anônimas, mas contribuíram significativamente para ajudar essa terra a crescer e a chegar aos 131 anos.Seu Miguel de Aguiar, 72, veio de Sergipe no ano de 1964 para trabalhar na rede ferroviária federal, conhecida como a LESTE. Seu Miguel vagueia em seus pensamentos, quando relembra as viagens feitas na locomotiva do trem. "A gente passava por várias cidades e éramos recebidos com muito carinho pelas pessoas nas estações", diz, com um largo sorriso, no rosto. Contudo, a saudade parece aumentar quando lembra o tempo dos carnavais antigos e garante: "Vocês hoje não sabem o que é brincar carnaval. Naquele tempo a gente saia na rua com os amigos e não tinha a violência que tem hoje. Sempre digo aos meus filhos para terem cuidado com essas festa de hoje".A preocupação com a geração que o sucede é grande, pois seu Miguel tem 20 filhos. Somente com os homens da casa, ele formou um time de futebol no ano de 1995, pois o pai desejava que todos se tornassem jogadores de futebol. Apaixonado por esporte, seu Miguel mostra com orgulho a foto em que ele está ao lado de companheiros do time que ele fundou em 1972, A liga de Piranga. O homem dos trilhos diz, orgulhosamente, que também jogou no Petrolina Ferroviária.Contente com a vida que construiu com dignidade, ele confessa: "Nunca tive vontade de sair de Juazeiro. Criei todos os meus filhos nesse lugar, tenho muitos amigos e agora tem até um campeonato de futebol aqui de Piranga com o meu nome". Empolgado, convida a todos para assistir ao jogo: "A final dos jogos é pra agosto, você tem que ir assistir os jogos, viu?". Uma outra moradora ilustre da cidade é Dona Geraldina Gonçalves, 72, que desembarcou, pela primeira vez no bairro do Piranga, em 1967, com seu esposo que foi transferido para trabalhar na Rede Ferroviária. Ao chegar na cidade, nao tinha lugar para ficar, pois faltavam casas para os trabalhadores que chegavam. A cidade crescia impulsionada pelos novos migrantes." Nós tivemos que morar um mês e três semanas no vagão, porque nao tinha casa para alugar", diz dona Geraldina.A cidade se modificava aos poucos, apresentava novas demandas para a comunidade. Se alguém quisesse frutas e verduras, tinha que esperar o trem que vinha de Senhor do Bonfim às sextas-feira, trazendo mercadorias para a feira que acontecia aos sábados. "A gente pegava água do chafariz todo dia. Só depois é que passamos a ter água encanada". Com os olhos brilhando ao lembrar do passado, ela conta sobre o tempo em que os trilhos ainda eram um meio de transporte, ainda não substituído, totalmente, pela rodovia. Com nostalgia deste tempo, comenta: "senti muita falta do trem. Quando ele vinha a gente já ouvia o apito e sabia que estava vindo um monte de passageiros".Dona Geraldina procura trazer para o presente as lembranças da época. "Eu gostava de sair na escola de samba. Naquele tempo tinha os carros alegóricos. Em Piranga, ficava a escola Fala quem Pode, Cacumbú e, em Juazeiro tinha muitas outras. Eu nunca esqueço que a tarde as meninas se mascaravam e se fantasiavam. Era um tempo muito bom", fala, expressando saudade.Assim como seu Miguel e dona Geraldina, muitos juazeirenses também têm histórias pessoais que exemplificam a trajetória de um povo que luta e acredita nessa terra. É sob os cuidados de sua gente que Juazeiro comemora mais um aniversário em sua história.Parabéns, Passagem do Juazeiro!
Por João Barbosa

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